Há 30 anos morria um herói!

26/09/2012 11:37

 

"Em 24 de outubro de 1975 — época em que Herzog já era diretor de jornalismo da TV Cultura — agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro (que fora colocado na ilegalidade pela ditadura militar).

No dia seguinte, Herzog compareceu ao pedido. O depoimento de Herzog foi realizado numa sessão de tortura. Ele estava preso com mais dois jornalistas, George Benigno Duque Estrada e Rodolfo Konder, que confirmaram o espancamento.

No dia 25 de Outubro, Vladimir foi oficialmente "encontrado enforcado com o cinto de sua própria roupa". Embora a causa oficial do óbito, divulgada pelos órgãos de repressão da época, seja suicídio por enforcamento, há consenso na sociedade brasileira de que ela resultou de intenso processo de tortura, com suspeição sobre servidores do DOI-CODI, que teriam posto o corpo na posição encontrada, pois as fotos exibidas mostram Vlado enforcado.

Na versão das autoridades da época, ele teria cometido suicídio na prisão. No laudo da época, assinado pelo legista Harry Shibata, consta que Herzog morreu "por asfixia mecânica" - expressão utilizada para casos enforcamento.

Porém, nas fotos divulgadas há várias inverossimilhanças. Uma delas é o fato de que ele se enforcou com um cinto, coisa que os prisioneiros do DOI-CODI não possuíam. Além disso, suas pernas estão dobradas e no seu pescoço há duas marcas de enforcamento, o que mostra que sua morte foi feita por estrangulamento.

Na época, era comum que o governo militar ditatorial divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", fuga ou atropelamento, o que gerou comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido "suicidadas pela ditadura". Em sentença histórica, responsabilizando a União pela morte, em outubro de 1978, o juiz federal Márcio Moraes pediu a apuração da autoria e das condições da morte. Entretanto nada foi realizado (Luiza Villaméa. "Memória e Silêncio". 28.Set.05. Isto É)."

Hoje atendendo ao pedido da Comissão Nacional da Verdade, o juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo, determinou na segunda-feira a retificação do atestado de óbito de Vladimir Herzog. Pela determinação judicial, daqui para frente constará que a morte do jornalista "decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2º Exército-SP".

A recomendação ao magistrado foi assinada pelo coordenador da Comissão da Verdade, ministro Gilson Dipp. Segundo o advogado José Carlos Dias, que também faz parte do colegiado, a decisão judicial deverá ter forte repercussão. "Existem muitos casos semelhantes. Nós já estamos estudando outros para encaminhar à Justiça", afirmou.

Trata-se de decisão de primeira instância. A Promotoria de Justiça, que se manifestou contra a mudança, pode recorrer.

Pois é, Tínhamos bravos heróis que seguiram um sonho de liberdade e que acabaram mortos por uma ditadura que enganava e suprimia a informação de seus cidadãos fazendo-os crer que ela não existia. o pior é que muitos destes ícones da ditadura e dos Partidos que os apoiavam misturados aos políticos que comemoram a democracia conquistada com o sangue dos heróis anônimos mortos em Valinhos ou ainda aqueles de quem até hoje 30 anos depois da norte de Herzog, continuam desaparecidos, ao finado Herzog, posso dizer que sua morte não foi vã, enquanto mantivermos sua memória e seus ideais de liberdade vivos e as noticias verdadeiras, rodando o mundo mesmo na solidão coletiva da internet.